As pessoas muitas vezes
se questionam sobre Gogue e Magogue na Bíblia (Ezequiel 38–39). Em Ezequiel
38:4, Deus diz a Gogue e Magogue:
“E te
farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o
teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos com primor, grande multidão,
com escudo e rodela, manejando todos a espada;”
No início do capítulo,
Ezequiel nos informa, que Gogue e Magogue arrastarão outras nações e povos para
uma batalha devastadora no futuro, (Ezequiel 38:5-6):
Persas,
etíopes, e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete;
Gômer e
todas as suas tropas; a casa de Togarma, do extremo norte, e todas as suas
tropas, muitos povos contigo.
Gogue e Magogue: Uma Pessoa? Um Lugar? Quais Seriam as Nações Modernas que Poderiam Equivaler a Gômer, Pute e Togarma Citadas na Bíblia?
O Enigmático Gogue de Magogue
Duas passagens nas Escrituras fundamentaram Gogue e Magogue em nossas mentes quando pensamos no fim dos tempos: Ezequiel 38-39 e Apocalipse 20. Ambas as passagens fazem referência a uma figura chamada Gogue e a um enorme exército que ataca o povo de Deus.
Em Ezequiel 38:15-16, Deus diz a Gogue (da terra de Magogue):
Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e
muitos povos contigo, montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército
poderoso,
E subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos dias sucederá que hei de trazer-te contra a minha terra, para que os gentios me conheçam a mim, quando eu me houver santificado em ti, ó Gogue, diante dos seus olhos.
Em Apocalipse 20:7-8, o Apóstolo João, o revelador, tem uma visão e nos informa:
E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão,
E sairá a enganar as nações que estão sobre os
quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar,
para as ajuntar em batalha.
Essas profecias são muito bem conhecidas no mundo cristão, além de serem também muito contestadas. Há muita discussão sobre quem seria Gogue, e o que representaria Magogue; e a que essas profecias se referem. Mas será que estamos deixando de captar algo que o público original dessas profecias teria naturalmente percebido?
Um Ponto de Vista dos Hebreus Sobre o Inimigo do Norte
A descrição profética em Ezequiel 38-39 da invasão de “Gogue, da terra de Magogue” (Ezequiel 38:1-3 e 14-15) é bem familiar e objeto de muita controvérsia interpretativa, tanto acadêmica quanto imaginativa. Um dos pontos incontestáveis é que Gogue virá do “extremo norte” (38:15; 39:2).
Embora muitos acadêmicos e estudiosos tenham se
orientado pelos aspectos geográficos literais dessa expressão, poucos refletiram seriamente sobre suas conexões
mitológicas com a religião ugarítica/cananeia e Baal.
Um leitor da época dessas profecias teria entendido
uma invasão vinda do norte, mas também teria entendido essa invasão num
contexto sobrenatural. De outra forma, a profecia de Ezequiel não trata
exclusivamente de um invasor humano ou de exércitos humanos.
A geografia terrestre, como salientaram muitos
historiadores, é uma parte fundamental do destino humano. Para os antigos
israelitas, a geografia tinha qualidades literais e sobrenaturais.
Norte Geográfico Literal e o Prognóstico da Desgraça
Por estar situada ao leste do Mar Mediterrâneo,
Canaã viu-se espremida entre as terras das antigas civilizações do Oriente
Próximo, que batalhariam pelo controle de toda a região: Egito e
Mesopotâmia. Canaã, e conseguinte, o povo de Israel, seria invadida do
norte e do sul por exércitos estrangeiros em movimento.
A Bíblia registra vários desses episódios, mas as incursões mais traumáticas em Canaã
sempre vieram do norte:
- Em 722 a.C., a Assíria invadiu pelo norte para conquistar as 10 tribos do reino israelita do norte e deportou-as para muitos cantos do seu império.
- Numa série de três invasões de 605 a 586 a.C., a Babilônia avançou do norte e destruiu o reino do sul, composto porapenas 02 tribos, Judá e Benjamim.
O trauma dessas invasões tornou-se o pano de fundo
conceitual para as descrições do julgamento escatológico final das nações
deserdadas (Amós 1:13-15; Joel 3:11-12; Miquéias 5:15; Sofonias 1:14-18 e 2:4-1 ) e de seus senhores divinos (Isaías 34:1-4
e Salmos 82).
É complicado referir-se ao trauma da invasão babilônica. As
tribos do norte também tiveram um destino terrível, cuja resultante era bem
conhecida dos habitantes do reino de Judá. Mas Judá era a tribo de Davi e
Jerusalém o lar do Templo de YHWH. Como tal, o terreno era sagrado, e
certamente, no inconsciente dos judeus, nunca seria tomado pelo inimigo – ou,
pelo menos, assim pensava o reino de Judá.
A inviolabilidade de Sião revelou-se um
mito. Jerusalém e seu templo foram destruídos por Nabucodonosor em 586
AC. O incidente trouxe não apenas devastação física, mas devastação
psicológica e teológica.
A destruição do templo de YHWH e, consequentemente,
de seu trono, teria sido tramada sob um cenário que teria como pano de fundo a
guerra espiritual dos povos antigos. Os babilônios e outras civilizações
teriam presumido que os deuses da Babilônia finalmente teriam derrotado YHWH, o
Deus de Israel.
Muitos israelitas teriam se perguntado a mesma
coisa - ou considerado que Deus havia abandonado as promessas da sua aliança (como
por exemplo podemos ver em Salmos 89.38-52). Ou seja: ou Deus era inferior aos
deuses da Babilônia ou então Ele havia se afastado de suas promessas.
Profetas como Daniel, Ezequiel e Habacuque, levantados por Deus durante o exílio de Israel, tinham uma perspectiva diferente da situação. Foi YHWH quem congregou os exércitos estrangeiros que serviam a outros deuses para punir seu próprio povo. YHWH estava no controle. Foi a deslealdade espiritual a Ele que desencadeou toda essa situação.
O Norte Sinistro e Sobrenatural
A palavra “norte” em hebraico é “tsafon” (ou “zafom” em algumas transliterações). Refere-se a um dos pontos cardeais comuns. Mas por causa do que os israelitas acreditavam que estava escondido no norte, a palavra passou a significar algo com aspecto de outro mundo.
O exemplo mais evidente é Basã, que também estava
associado ao Monte Hermon. Na teologia judaica, foi aqui que os filhos rebeldes de Deus da grande degradação revelada em Gênesis 6 desceram à terra para
cometerem seus atos de traição.
No entanto, havia algo mais além de Basã – mais ao
norte – que todo israelita associava a outros deuses hostis a YHWH. Lugares
como Tiro, Ugarit e Sidon ficavam além da fronteira norte de Israel. A
adoração de Baal era determinante nesses lugares. Essas cidades da Fenícia
e da Síria eram o território natal do deus Baal. O fato de o centro da
adoração a Baal estar localizado do outro lado da fronteira foi um fator que
colaborou para a apostasia do Reino do Norte de Israel.
Especificamente, a suposta casa de Baal era uma
montanha, agora conhecida como “Jebel
al-Aqraʿ”, ou Monte Acra, situada ao norte de Ugarit. Nos tempos
antigos era conhecido simplesmente como Tsafon (Norte). Era uma montanha
divina, um lugar onde se acreditava que Baal presidia seu conselho enquanto
governava os deuses do panteão cananeu. Pensava-se que o palácio de Baal
ficava “nas alturas de Zafom”, no extremo norte.
Baal foi superado apenas por El na religião cananeia. Contudo,
Baal cuidava de todos os assuntos de El, o que explica o porquê de Baal ser chamado
de “rei dos deuses” e “altíssimo” em Ugarit e em outros lugares. Nos
textos ugaríticos, Baal é "senhor de Zafom". Ele também é
chamado de “príncipe” (zbl em
ugarítico). Outro dos títulos de Baal é “príncipe, senhor do submundo”. Essa
conexão com o reino dos mortos, se ajusta com os temas associados à figura da
serpente em Gênesis 3 . Não é nenhuma surpresa que (zbl baʿal) se torne Baal
Zebul (Belzebul) e Baal Zebub, títulos associados a Satanás na literatura
judaica posterior e no Novo Testamento.
Em resumo, quando um israelita pensava no norte em
termos teológicos, pensava em Basã, no Monte Hermon e em Baal. Posteriormente,
os judeus teriam feito ligações com a serpente, o grande antagonista de Gênesis
3.
Esse cenário todo nos auxilia na compreensão de como os judeus, que viveram nos últimos turnos do período do Antigo Testamento; durante o período do Segundo Templo; e na era do Novo Testamento; pensavam sobre o fim dos tempos - o tempo do julgamento final e a restauração do governo de Deus. Mas, inicialmente, trataremos do conceito do exílio de Israel.
Israel Ainda no Exílio
Um dos grandes mal-entendidos do estudo bíblico é que o retorno dos judeus da Babilônia em 539 aC, e nos anos seguintes, resolveu o problema do exílio israelita. Não resolveu. Os profetas previram o retorno de todas as 12 tribos de onde foram dispersas. Isso não aconteceu em 539 aC ou em qualquer outro período enquadrado pelo Antigo Testamento.
Uma amostra mais clara
dessa expectativa pode ser vista em Jeremias 23:1-8:
¹ Ai dos
pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o SENHOR.
² Portanto
assim diz o Senhor Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu
povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as
visitas-tes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o
Senhor.
³ E eu
mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as
tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se
multiplicarão.
⁴ E
levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se
assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.
⁵ Eis que
vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei,
reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra.
⁶ Nos seus
dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o
qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.
⁷
Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Vive o
Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
⁸ Mas:
Vive o Senhor, que fez subir, e que trouxe a geração da casa de Israel da terra
do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e habitarão na sua
terra.
O (versículo 6) é
explícito: YHWH promete trazer de volta o seu povo de todos os lugares de onde
foi espalhado. Os dois reinos, Judá e Israel, um dia serão trazidos de
volta a sua terra. A nota específica de que “da casa de Israel da terra do
norte” e de “todas as terras” para onde foram dispersas é uma referência
inequívoca ao primeiro cativeiro das dez “tribos perdidas” de Israel (versículo
8).
Outras passagens também
são evidentes a esse respeito. Em Ezequiel 37:16-21, na famosa visão dos
ossos secos, YHWH diz:
¹⁶ Tu,
pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e
pelos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e
escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus
companheiros.
¹⁷ E
ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem uma só vara na tua mão.
¹⁸ E
quando te falarem os filhos do teu povo, dizendo: Porventura não nos declararás
o que significam estas coisas?
¹⁹ Tu lhes
dirás: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei a vara de José que esteve na
mão de Efraim, e a das tribos de Israel, suas companheiras, e as ajuntarei à
vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão.
²⁰ E as
varas, sobre que houve- res escrito, estarão na tua mão, perante os olhos
deles.
²¹
Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei os filhos de Israel
dentre os gentios, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e
os levarei à sua terra.
Novamente, tanto Israel
como Judá são mencionados, e o povo de YHWH será reunido dentre os gentios (as
nações) para as quais foram dispersos.
Isso demonstra que os judeus que viviam no tempo de Jesus viam a nação como ainda no exílio. Dez das tribos ainda não haviam retornado, e muitos judeus permaneceram na Babilônia. Porém, YHWH iria libertá-los? Os poderes das trevas seriam finalmente derrotados?
A Libertação de Israel – e a Oposição
Parte da razão pela qual os judeus esperavam um messias libertador militar vem do que os profetas haviam ensinado. Eles acreditavam que a reunificação de todas as tribos de Israel e Judá estava lado a lado com o aparecimento de um grande rei-pastor messiânico.
Ezequiel 37:16-21, a passagem que acabamos de ver e
que descreve a restauração de todas as tribos, acrescenta mais esses elementos
na sequência de Ezequiel 37:24-26:
²⁴ E meu servo Davi
será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos
e guardarão os meus estatutos, e os observarão.
²⁵ E habitarão na
terra que dei a meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela,
eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo,
será seu príncipe eternamente.
²⁶ E farei com eles
uma aliança de paz; e será uma aliança perpétua. E os estabelecerei, e os
multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre.
Em termos de teologia bíblica, essa expectativa foi
cumprida na introdução do reino de Deus e no Pentecostes. Não apenas a
reabilitação das nações deserdadas foi comunicada naquele evento, mas isso também
foi realizado por meio de judeus peregrinos de todas as nações nas quais foram
deixados no exílio, agora convertidos à fé em Jesus, o Deus encarnado, e agora
herdeiros do Espírito e das promessas da nova aliança.
Como Paulo disse em Gálatas 3:29, “E, se sois de
Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.”, qualquer
pessoa que seguisse a Cristo era um verdadeiro descendente de Abraão – judeu ou
gentio. Judeus de todas as nações exiladas regressaram a terra para servir
como catalisadores para uma maior reunião: a missão apostólica da Grande
Comissão.
O Pentecostes é a representação da derrota de Basã, a região ao norte, marco zero para a guerra espiritual no pensamento israelita. Se pensássemos apenas em termos de Pentecostes, pareceria que o senhor dos mortos e das trevas (Baal Zebul), identificado com Satanás, foi derrotado. Mas essa seria uma conclusão prematura. Também não teria procedência com o que se seguiu à profecia de libertação do exílio e da vinda do rei pastor de Ezequiel 37. Na esteira de todas essas boas notícias, ainda surgiriam problemas – do norte.
Quem São Gogue e Magogue na Bíblia?
Então, o que tudo isso tem a ver com a profecia de Ezequiel a respeito de Gogue e Magogue? O público antigo teria notado que esta invasão ocorreria num momento em que as tribos estavam unidas e viviam em paz e segurança dentro da terra prometida. Em outras palavras, quando o período de exílio tivesse terminado.
A batalha de Gogue e Magogue seria algo esperado após
o início do plano de YHWH para reabilitar as nações e, portanto, retirar seus
filhos, judeus ou gentios, dessas nações. A invasão de Gogue seria a
resposta do mal sobrenatural contra o messias e seu reino. Na verdade, é
exatamente assim que é retratado em Apocalipse 20:7-10:
⁷ E, acabando-se os
mil anos, Satanás será solto da sua prisão,
⁸ E sairá a enganar
as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo
número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha.
⁹ E subiram sobre a
largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus
desceu fogo, do céu, e os devorou.
¹⁰ E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.
Gogue e a Imagem do Anticristo
Gogue teria sido
percebido como uma imagem fortalecida pelo mal sobrenatural ou como uma figura
maligna quase divina do mundo sobrenatural determinada na destruição do povo de
Deus. Por essa razão, Gogue
é considerado por muitos estudiosos da Bíblia como um modelo para a figura do
anticristo no Novo Testamento.
A temática do inimigo do
norte também é abordada em Daniel 11, uma passagem que muitos estudiosos
acreditam que de alguma forma se relacione com o anticristo. O inimigo
escatológico de Daniel também está muitas vezes ligado ao norte.
A conhecida invasão de
Jerusalém por Antíoco IV (Epifânio) em 167 aC, adere a muitos elementos que são
detalhados em Daniel 11. Antíoco atacou do norte (ele era do norte do
Império Selêucida na Ásia Menor). Ele cometeu o ato abominável de profanar
o templo sacrificando um porco no altar e tornou os costumes judaicos, como a
circuncisão, puníveis com a morte.
Essas ofensas iniciaram
uma rebelião em Jerusalém que levou a um curto período de independência
judaica. Portanto, aqueles que viram o inimigo de Gogue em Antíoco também
podem ter sido levados a pensar no novo estado judeu independente como o reino
final de Deus. A história nos informa claramente que não foi o que
aconteceu. Além disso, apesar dos elementos de precisão observados pelos
estudiosos entre a invasão de Antíoco IV e Daniel 11, existem contradições
claras entre o registro da invasão de Antíoco e partes de Daniel 11.
Quase dois séculos depois, Jesus ainda considerava que a profecia da abominação da desolação de (Daniel 9:24-27)...
²⁴ Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para
cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade,
e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o
Santíssimo.
²⁵ Sabe e
entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém,
até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as
ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
²⁶ E
depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si
mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e
o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão
determinadas as assolações.
²⁷ E ele
firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o
sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso
até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.
...ainda estava por vir (Mateus
24:15-21)
¹⁵ Quando,
pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o
profeta Daniel, está no lugar santo;
quem lê, entenda;
¹⁶ Então,
os que estiverem na Judéia, fujam para os montes;
¹⁷ E quem
estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa;
¹⁸ E quem estiver
no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.
¹⁹ Mas ai
das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
²⁰ E orai
para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado;
²¹ Porque
haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até
agora, nem tampouco há de haver.
Não obstante a questão
de Antíoco, sua conexão com o inimigo do norte de Daniel 11 mostra-nos,
que o motivo do inimigo do norte é importante. Mais tarde, os rabinos
judeus e os primeiros estudiosos cristãos prestaram muita atenção sobre isso.
Embora Magogue e “o
extremo norte” não sejam definidos com precisão na profecia de Gogue, a questão não é sobre a geografia
literal em si. Pelo contrário, é o cenário
sobrenatural de toda a ideia do “inimigo do Norte” que torna importante
qualquer referência geográfica.
Com certeza os antigos
judeus esperariam que a restauração do reino de Deus fosse destruída por um
inimigo do norte, assim como já havia acontecido. Mas os antigos judeus
também teriam raciocinado em termos sobrenaturais. Seria de se esperar que
um inimigo sobrenatural no fim dos tempos viesse da sede da autoridade de Baal
– o reino dos mortos do submundo sobrenatural, localizado “nas alturas de
Zafom”, no extremo norte; e Gogue
é explicitamente descrito nesses termos.
Apesar disso, há outra trajetória de
pensamento semelhante no judaísmo antigo e na igreja primitiva que foi
observada pelos estudiosos: o
anticristo viria da tribo de Dã, localizada em Basã. O
elemento-chave da ideia emerge de Gênesis 49, parte do emaranhado
messiânico. O direito de governar Israel está ligado à tribo de Judá, e
aquele que segura o seu cetro é um “leão” (Gênesis 49:9-10):
⁹
Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como
um leão, e como um leão velho; quem o despertará?
¹⁰ O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.
Em dissemelhança, em Gênesis 49:16-17,
Dã é mencionado como uma serpente, imagem adequada para Basã, que “julga” seu
próprio povo.
¹⁶ Dã julgará o seu
povo, como uma das tribos de Israel.
¹⁷ Dã será serpente
junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do
cavalo, e faz cair o seu cavaleiro por detrás.
Deuteronômio 33:22 retoma
o tema:
²² E de Dã
disse: Dã é cria de leão; que salta de Basã.
Dã é um ordinário
arrogante, que atacará de Basã. Dã é, portanto, um “estranho interno”, um
não-israelita, um inimigo do povo de YHWH. Aqueles que interpretaram essas
referências dessa maneira também foram ágeis em apontar que Dã foi omitido da
lista das tribos que produzem os 144.000 crentes em Apocalipse 7:3-8.
³ Dizendo:
Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos selado nas
suas testas os servos do nosso Deus.
⁴ E ouvi o
número dos selados, e eram cento e quarenta e quatro mil selados, de todas as
tribos dos filhos de Israel.
⁵ Da tribo
de Judá, havia doze mil selados; da tribo de Rúbem, doze mil selados; da tribo
de Gade, doze mil selados;
⁶ Da tribo
de Aser, doze mil selados; da tribo de Naftali, doze mil selados; da tribo de
Manassés, doze mil selados;
⁷ Da tribo
de Simeão, doze mil selados; da tribo de Levi, doze mil selados; da tribo de
Issacar, doze mil selados;
⁸ Da tribo de Zebulom, doze mil selados; da tribo de José, doze mil selados; da tribo de Benjamim, doze mil selados.
Como Interpretar as Referências Bíblicas Sobre Gogue e Magogue nos Dias Atuais?
Apesar de tudo o que foi escrito, quaisquer que sejam os sistemas escatológicos, eles são especulativos em muitos aspectos. A questão é que a mundividência sobrenatural do antigo Israel e do judaísmo deve esclarecer nosso entendimento atual. O inimigo cósmico do norte sobrenatural, de onde o Conselho do Mal conspirava contra o Conselho Divino de YHWH, era uma parte fixa da visão do mundo dos escritores bíblicos – e principalmente quando se tratava do fim dos tempos.
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